Plano de Aula

UMA LUTA PELO PODER DO HOMEM SOBRE O HOMEM

Na Terra do Sol
30/03/2008
Ensino Médio
História
Marilene Lima
Acesse a ficha do filme



O interesse fabricou carimbos.
O ódio à toa levantou paredes.
A baioneta desenhou fronteiras.
A estupidez nos separou em bandeiras.
Raices de América
Através do curta, inspirado em "Os Sertões" de Euclides da Cunha,
percebe-se que, na luta por hegemonia, os homens não percebem sua pequenez diante da mãe terra e a estão desbravando de forma desordenada e confusa. Talvez como reflexo de sua própria condição de seres errantes que são. Como fato histórico o episódio de Canudos é largamente trabalhado na educação básica, resta trabalhá-lo como embate acirrado pela luta por poder, pelo poder do homem sobre o homem.
Nossa proposta é que se trabalhe a situação de Canudos, que dizimou 25 mil nordestinos do sul da Bahia, a partir da abordagem da geografia política, com a transversalidade da ética. Para tanto, faz-se necessário a distinção entre os dois conceitos:
Política e ética são dois complexos sociais inteiramente distintos. A primeira tem por função social o exercício do poder dos homens sobre os homens imprescindível à reprodução nas sociedades de classe. É com o surgimento do trabalho excedente, da exploração do homem pelo homem, da propriedade privada, das classes sociais, do Estado e do casamento monogâmico que a política faz sua entrada na cena história (...) A ética atende a uma função radicalmente distinta da política. Todo processo social, seja ele mais universal ou mais particular, tem nos atos humanos singulares, de indivíduos concretos (historicamente determinados), seus elementos básicos. Tais atos possuem sempre uma dimensão de escolha entre necessidades a serem atendidas através de possibilidades - possibilidades e necessidades historicamente construídas. Entre outras coisas, esta relação entre os atos singulares e a totalidade social requer, com necessidade absoluta, que sejam avaliadas tanto as escolhas quanto as conseqüências da sua objetivação. É para atender a esta necessidade de avaliação que surgem os complexos valorativos, entre eles a ética e a moral. (Lessa).
Uma educação humanista, calcada nos preceitos éticos e voltada para a felicidade e o bem-estar do homem deve levá-lo a repensar sua posição ante as mudanças de ordem social, ecológica e psicológica a que estão sujeitos, olhando o universo com olhos de congregação nos âmbitos: social, ambiental e individual (Branco, 2007).

EM13CHS501 - Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
EM13CHS502 - Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
EM13CHS503 - Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.

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 Que os jovens:

o entrem em contato com a noção de responsabilidade ética de todo ser humano quanto à manutenção do meio ambiente

o percebam e reflitam que um dos grandes desafios de nosso tempo é a ocupação consciente e harmônica da terra e dos espaços sociais

o percebam a importância de divulgar seu conhecimento adquirido através de produção que extrapole a sala de aula.



Fases do Trabalho:



1. Apresentação do curta "Na Terra do sol"


2. Fruição: audição das músicas: "Sobradinho" e "Terra" (ver anexos 1 e 2)



3. Roda da Conversa: Reflexão sobre a importância da natureza física para a vida do ser humano e de todos os seres vivos e deste para a sua manutenção


4. Reflexão sobre a necessidade de o homem exercer poder sobre o próprio homem e os resultados drásticos para sua espécie, seu mundo social e natural, a partir das músicas: "O doce e o amargo" e "Fruto do suor" (ver anexos 3 e 4)


5. Criação litero-poética e/ou artística sobre o tema: "A necessidade de poder do homem sobre o homem"


6. Divulgação da produção no ciberespaço e acesso à comunidade escolar e do entorno através deste ou outro suporte.




Orientações Didáticas:



Tal abordagem se deve à necessidade de alertar os jovens para o fato de o homem, em sua ânsia de exercer poder sobre o próprio homem, menosprezar a si próprio, o próximo e a natureza. Assim, podemos trabalhar a música "Sobradinho" dizendo que o sertão vai virar mar, e a música "Terra" de Caetano, que nos lembra da grandiosidade de nosso espaço, não só físico como em magnitude e conclama o homem a respeitá-la, como também ao seu próximo, os demais seres vivos e a si próprio. Na seqüência, pode-se ampliar tal visão através das músicas "O doce e o amargo" e "Fruto do suor", levando o jovem a uma compreensão crescente acerca da construção de sua sociedade e reflexão sobre o papel do homem como produtor social, cultural e natural.


Referências e sugestões para consulta:



ARNHEIM, Rudolf. Arte e percepção visual. São Paulo: Pioneira/USP, 1980.



BRANCO, Sandra. Meio Ambiente e Educação Ambiental: na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. São Paulo: Cortez, 2007.



BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais - Arte.

Brasília: MEC, 1996.



Canudos: contexto histórico - http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos.htm



Canudos: a guerra - http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos2.htm



GUERRA, M. Terezinha Telles, MARTINS, Mirian Celeste, PICOSQUE, Gisa. Didática do ensino de Arte: a língua do mundo - poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.



LESSA, Sérgio. MARXISMO E ÉTICA. Disponível em: http://www.unicamp.br/cemarx/criticamarxista/D_SLessa.pdf



SCHILLING, Voltaire: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos4.htm



VELOSO, Caetano. Terra. http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/44780/




Anexo 1 - Letra da Música: Sobradinho

Composição: Sá / Guarabyra



O homem chega e já desfaz a natureza
Tira a gente põe represa, diz que tudo vai mudar

O São Francisco lá prá cima da Bahia

Diz que dia menos dia vai subir bem devagar

E passo a passo vai cumprindo a profecia

Do beato que dizia que o sertão ia alagar

O sertão vai virar mar

Dá no coração

O medo que algum dia

O mar também vire sertão

Vai virar mar

Dá no coração

O medo que algum dia

O mar também vire sertão

Adeus Remanso, Casa Nova, Sento Sé

Adeus Pilão Arcado vem o rio te engolir

Debaixo d'água lá se vai a vida inteira

Por cima da cachoeira o Gaiola vai subir

Vai ter barragem no salto do Sobradinho

E o povo vai se embora com medo de se afogar

O sertão vai virar mar

Dá no coração

O medo que algum dia

O mar também vire sertão

Vai virar mar

Dá no coração

O medo que algum dia




Fonte: http://letras.terra.com.br/sa-guarabyra/356676/




Anexo 2 - Terra

Composição: Caetano Veloso

Quando eu me encontrava preso

Na cela de uma cadeia

Foi que vi pela primeira vez

As tais fotografias

Em que apareces inteira

Porém lá não estavas nua

E sim coberta de nuvens...



Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?...



Ninguém supõe a morena

Dentro da estrela azulada

Na vertigem do cinema

Mando um abraço prá ti

Pequenina como se eu fosse

O saudoso poeta

E fosses a Paraíba...



Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?...



Eu estou apaixonado

Por uma menina terra

Signo de elemento terra

Do mar se diz terra à vista

Terra para o pé firmeza

Terra para a mão carícia

Outros astros lhe são guia ...



Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?...



Eu sou um leão de fogo

Sem ti me consumiria

A mim mesmo eternamente

E de nada valeria

Acontecer de eu ser gente

E gente é outra alegria

Diferente das estrelas...



Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?...



De onde nem tempo, nem espaço

Que a força mãe dê coragem

Prá gente te dar carinho

Durante toda a viagem

Que realizas no nada

Através do qual carregas

O nome da tua carne...



Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?...



Na sacada dos sobrados

Das cenas do Salvador

Há lembranças de donzelas

Do tempo do Imperador

Tudo, tudo na Bahia

Faz a gente querer bem

A Bahia tem um jeito...



Terra! Terra!

Por mais distante

O errante navegante

Quem jamais te esqueceria?

Terra!






Anexo 3 - Fruto do Suor
Raices de América

Composição: Tony Osanah / Enrique Bergen


A terra nova era um paraíso,

o milho alto e os rios puros.

Dormia o ouro a cobiça ausente,

era o índio senhor do continente.

Foram chegando os conquistadores,

os africanos e os aventureiros.

O índio altivo se mesclou ao escravo:

nascia um novo tipo americano.

O interesse fabricou carimbos.

O ódio à toa levantou paredes.

A baioneta desenhou fronteiras.

A estupidez nos separou em bandeiras.

***

Tenho um filho nessa terra,

foi um amor sem passaportes.

Se o gestar foi brasileiro

não me chames de estrangeiro.

Cada pedra, cada rua tem um toque de imigrantes.

Levantaram com seus sonhos

um país que não tem donos.

***

O suor fecunda o solo e a semente não pergunta:

Brasileiro ou imigrante? Só o fruto é importante.

Não me sinta forasteiro.

Não me invente geografias.

Sou tua raça, sou teu povo,

sou teu irmão no dia-a-dia.



Fonte: http://letras.terra.com.br/raices-de-america/260539/



Anexo 4 - O Doce e o Amargo

Secos & Molhados
Composição: João Ricardo ? Paulinho Mendonça

O sol que veste o dia

O dia de vermelho

O homem de preguiça

O verde de poeira

Seca os rios, os sonhos

Seca o corpo a sede na indolência

O sol que veste o dia

O dia de vermelho

O homem de preguiça

O verde de poeira

Seca os rios, os sonhos

Seca o corpo a sede na indolência

Beber o suco de muitas frutas

O doce e o amargo

Indistintamente

Beber o possível

Sugar o seio

Da impossibilidade

Até que brote o sangue

Até que suja a alma

Dessa terra morta

Desse povo triste


Fonte: http://letras.terra.com.br/secos-molhados/166909/

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