Plano de Aula

UMA REFLEXãO DE VALORES

Mão Mãe | Animação | De Marcos Magalhães | 1979 | 6 min | RJ
25/04/2008
Ensino Médio, Formação de Educadores
Língua Portuguesa
Marilene Lima
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Como em "O Patinho Feio" (Andersen, 1844) o herói do curta "Mão mãe" passa por infortúnios ate chegar no "final feliz".

Em um primeiro momento (seu nascimento e primeira infância) tudo corre bem e a "Mão mãe" é só cuidados, até que acontece uma ruptura: nosso herói precisa parar de brincar para estudar (aprender as primeiras letras e números). Acompanhando essa obrigação, outras a sucedem em seu crescimento, como por exemplo:
- Ser religioso
- Ser obediente
- Ser "cívico"
Sentir-se "culpado".
Também já¡ não pode ter prazer em ler, passatempo que não "dava em nada" frente ao dever de "servir à  Pátria" e "trabalhar duro". Sabe-se que "ao longo da história sucederam-se diversos movimentos para afastar as pessoas da leitura, que era vista como um perigo. Nos movimentos de interdicão à  leitura os livros eram vistos como "'um veneno lento que corre nas veias´" (Tissot, 1775 apud ABREU, 2000).
Ao fazer estas descobertas, nosso herói descobre também que quem ousa contrariar a "ordem das coisas" é punido e acaba por conhecer a "mão pesada" em sua vida, sofrendo a "devida perseguição". A "ordem" é rompida justamente nesse ponto: ao sentir-se agredido, desafia a "Mão mãe" com um punhal (adaga), recusando acomodar-se aos padõµes de forma acrítica.
Procura mostrar sua "habilidade" com a adaga (ou punhal: o punho é o símbolo de habilidade humana para os bambaras), tirando-lhe sangue (considerado, universalmente, o veículo da vida e da renovação da geração). Contudo, vê-se derrotado pela habilidade superior da "Mão mãe".
Após período de apatia e isolamento, nosso herói resolve sair pelo mundo a fim de resgatar a "ordem interna" perdida, assolada que foi pela "ordem externa" vinda de seu algoz a "Mão mãe". Assim, ao partir em busca de sua identidade nosso herói passa a sobressair-se em sua busca por si mesmo e despir-se das "teorias-avós" que o aprisionavam.
Ao regressar já com mais experiência, inicialmente, confuso pelo cansaço, apoia-se no "Pé Pai", mas ao perceber em que o "pé" era companheiro da "Mão mãe", vê em que "pé estavam as coisas" e destroi o "Pé Pai" a machadadas e, nesta operação (que "cortou o mal pela raiz") vê sucumbir sob seus olhos todo o suposto poder da "Mão mãe", anunciando a "lei do eterno retorno" a qual estamos todos fadados a experimentar.
O machado simbolicamente é entendido como o que separa e também como o que seleciona: "os machados exprimem a faculdade que os anjos têm de distinguir os contrários, e a sagacidade, a vivacidade e o poder desse discernimento" o que revela o alto grau de diferenciação de nosso herói nessa etapa de sua vida.
Suas desventuras o fizeram perceber que, apesar do sofrimento da partida "ser derrotado é ficar", pois "lá fora, certamente, há perigos, desafios, quedas, mas nunca derrotas. No caminho da individuação, tudo são possibilidades de conscientização, tudo são vitórias" (Pavoni, 1989, p. 61).
Temas que podem ser trabalhados a partir do curta:
- Em Psicologia (conteúdos conceituais em formação de professores, bem como conceituais e atitudinais no Ensino Médio):
o Desenvolvimento Humano (infância, adolescência, idade madura)
o Processo de individuação, autodescobertas, riscos
o Valores e costumes: internos e sociais
o Fases do Juízo da Moral: Anomia, heteronomia e autonomia.
- Em Língua Portuguesa:
o O poder da Metáfora
o Ditos populares
- Em História:
o Obediência civil
o Direitos e deveres
o História de vida.


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o Compreender o processo de individuação como algo dinâmico

o Refletir sobre valores como: obediência, respeito e disciplina como necessários à formação do caráter

o Refletir sobre a necessidade de discernimento frente às verdades absolutas como necessárias ao processo de individuação


Fases do trabalho:


1. Apresentação do curta "Mão mãe"

2. Roda de Conversa sobre a postura de cada um frente às possíveis situaçoões do curta que pudessem experimentar

3. Momento da criação: para que expressem individualmente seus períodos de descoberta a partir de uma linha do tempo de sua vida, dividida em setênios

4. Momento da "Compreensão Crítica": socialização das "compreensõoes" da cada um a partir da provocação e comentários/orientações da professora, a respeito de um determinado "caso" suscitado na etapa anterior.



Orientação Didática: "A compreensão crítica no âmbito da educação moral ... tem como principal finalidade captar, a partir da complexidade humana, a complexidade das situações concretas. Nesse sentido ... a compreensão quer ressaltar a dependência da reflexão, e em nosso caso da reflexão moral, a respeito das situações contextuais" (Puig, 1998, p. 85).



Bibliografia e Webgrafia consultada e sugerida:



ADAGA: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adaga

ANDERSEN, Hans Christian. (1994) O Patinho Feio. 6ª ed. Porto Alegre: Kuarup.

BAMBARAS: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bambaras

CHAVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. (2002) Dicionário de Sí­mbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 17ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio.

PAVONI, Amarilis. (1989). Os contos e os mitos no ensino: uma abordagem junguiana. São Paulo: EPU.

PRINCÍPIOS DA PEDAGOGIA WALDORF: http://www.sab.org.br/fewb/pw3.htm

PUIG, J. M. (1998) Ética e valores: métodos para um ensino transversal. São Paulo: Casa do Psicólogo.

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