Relato de atividade em sala de aula

CINEMA E EDUCAÇÃO: FORMAÇÃO DE PÚBLICO

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Ilha das Flores
12/11/2008
Ensino Médio
60
Eliana A.P.Cunha
LICEU NILO PECANHA | RJ | Niterói | Estadual





Formação de público.
Principalmente sensibilizar os alunos para o uso da ferramenta audiovisual na produção de conhecimento.
Pensando em Walter Benjamim, pensar o cinema como um "dar a ver" uma nova "consciência".
Numa era de cegueira causada pela aceleração e a dispersão alienantes nunca foi tão importante educar o olhar para que ele de fato enxergue e seja capaz de transformar nossa realidade

Assistimos Ilha das Flores juntos com mais seis curtas na mostra Moviola, organizada pelo grupo de cinema da Uff, no MAC, em Niterói. Estavam presentes alunos de escolas públicas e particulares. Primeiro avisamos sobre o projeto Moviola: Cinema e Educação. Depois cada professor. entregou a programação e explicou que iríamos assistir aos curtas, formato desconhecido de muitos de nossos alunos no Liceu. Fizemos uma caminhada até o MAC. Vimos os filmes e participamos do debate com professor de cinema da Uff e o responsável pelo cineclube do MAC.

Incrível notar como nossos alunos da escola pública têm pouco a dizer em relação aos alunos da escola particular! Todavia, em ambas as classes sociais o choque foi idêntico, principalmente na hora em que o narrador avisa que os tomates recusados estavam livres para serem recolhidos por crianças e mulheres para a alimentação, detalhe: a sobra dos porcos. Outro ponto é que eles (os alunos) não admitem que o cinema seja uma elaboração artística da realidade, eles riem diante de qualquer possibilidade inverossímil. Tanto os alunos da escola pública quanto os alunos da escola particular exigem do cinema o máximo de realismo. Foi importante, na hora do debate, o professor da Uff falar do cinema enquanto possibilidade de sonho e criação e mostrar que as imagens, mesmo num informativo como o jornal Nacional passam por seleção de plano, enquadramento, enfim escolhas. Deixou claro, ainda, que tudo pode ser manipulado e convidou os alunos para captarem instantâneos do real, no próprio celular, para experimentarem essas escolhas de pontos de vista. Os alunos comentaram sobre a miséria que mostra o curta e como essa situação - vergonhosamente - permanece atual após 20 anos. No entanto, sobre a limguagem cinematográfica e seus recursos artísticos nada é mencionado. Sem dúvida há um choque de realismo que salta aos olhos nesse curta, todavia sabemos o quanto precisamos preparar e sensibilizar nossos alunos e professores para uma análise mais profunda das possibilidades audiovisuais. Mais que nunca um curta como Ilha das flore, um clássico nesse formato, é um convite para ultrapassarmos as discussões de conteúdo e ousarmos analisar a obra de arte que "dá a ver" muito mais que a própria realidade nua e crua, que muitos de nós conhecemos bem. Aprendemos nos livros sobre o poder da obra de arte, mas foi na sala de aula que vivenciei as possibilidades da 7ª arte em tornar-se um instrumento pedagógico para a aprendizagem da liberdade, que "o sonho humano alimenta".