Diversificação dos recursos para uso em sala de aula. Mostrar como adolescentes pobres decidem enfrentar a vida, optando pelo trabalho como forma de uma garantia de vida com melhores condições em favor de uma vida "mais fácil", na favela, dentro da criminalidade e/ou da prostituição, por exemplo. Enfocar questões de diferenças sociais colocando em contraste a vida na e fora da favela. Quebrar o preconceito de que todo morador da favela é bandido ou prostituta. Reforçar o conhecimento prévio dos alunos com relação as implicações de uma gravidez precoce, bem como prevenção e conseqüências dela. Valorizar o cuidado com a vida humana. Suscitar o debate em sala de aula. Promover a interação professor x alunos, alunos x alunos, professor x aluno e aluno x aluno.
A aula teve início com um pedido meu para que cada aluno fosse até o quadro e escrevesse nele aquilo que eles gostariam de ter como profissão. Perguntei, então, o que eles precisavam fazer para alcançar esse desejo e, depois, que tipo de dificuldades eles acreditavam que poderiam encontrar para realizá-lo. Contei-lhes um pouco sobre o filme que iríamos assistir e sobre a história do grupo "Nós do Morro". Após o termino do curta, perguntei-lhes qual a opinião que tinham com relação a decisão tomada por aqueles três adolescentes em buscar pelo trabalho (de atores) como a certeza de que ele lhes traria melhores condições de vida enquanto abdicavam de uma vida "mais fácil" presa na criminalidade e/ou prostituição. Em seguida, reuni os alunos em grupo para que escrevessem, em uma cartolina, as diferenças entre um adolescente morador da favela e um não-morador. Após a exposição das idéias dos alunos, conversamos sobre os motivos que levam vários adolescentes não-moradores de favelas a não terem o mesmo espírito de luta por esperarem sempre que a vida ou que seus pais resolvam as coisas por eles. Finalmente, fiz perguntas sobre o que eles sabiam sobre prevenção da gravidez e sobre que implicações uma gravidez traz para os adolescentes. Fizemos um levantamento de quantas adolescentes grávidas nós conhecíamos e de como estava a situação de cada uma delas. Por fim, perguntei o que eles achavam da decisão de Dadá em criar seu filho sozinha e falei sobre quantas adolescentes grávidas eu conhecia e que vão dar seus filhos para adoção por não acreditarem ter condições para cuidarem deles. Por fim, fiz um depoimento pessoal sobre as dificuldades pelas quais passa um casal com dificuldade para ter filhos enquanto tantas crianças são abandonadas a cada dia. Como produto final da aula, os alunos fizeram um relatório de tudo o que foi visto em sala onde eles tinham que apontar os proveitos que a aula havia lhes oferecido.
Acredito que uma aula onde se possa fazer uso de experiências de vida, especialmente onde o próprio professor possa relatar um pouco de sua experiência pessoal, contribui de forma significante para o enriquecimento da aula e fortalece a interação do grupo. Assim como a desmistificação do preconceito sofrido pelos moradores da favela como sendo bandidos e prostitutas, contribui para a valorização das relações humanas. Faz-se de extrema necessidade trabalhar em sala de aula, principalmente na rede pública, questões que incentivem os alunos a lutarem por seus sonhos e a buscarem o trabalho como garantia de melhores condições de vida e enriquecimento cultural e pessoal. Foi gratificante trabalhar com o curta "Dadá", observar a curiosidade dos alunos, aprender e dividir com eles suas experiências e sentimentos e, desta forma, poder contribuir de maneira significante para o engrandecimento de cada um como pessoa, como aluno e, futuramente, como profissional.