Mostrar a importância da amizade entre os jovens de uma comunidade.
Refletir sobre a vontade de vencer os obstáculos e lutar com fervor para atingir o objetivo de ser ator por amor à mãe.
Analisar situações de violência cotidianamente na cidade do Rio de Janeiro.
Estabelecer formas alternativas de sociabilidade, valorizando os signos do encontro, da troca de vivências e dos sonhos.
Discutir sobre a mudança no conceito de identidade, afirmar que na
contemporaneidade as identidades caracterizam-se por serem abertas, contraditórias, inacabadas,relacionais e fragmentadas.
Superar a discriminação racial e social.
Antes de mostrar o vídeo, falei um pouco sobre a Petrobrás e sua relação com a cultura avaliando o potencial comunicativo da marca e os significados que ela passa para o público: de empresa sólida, confiável e exemplo de brasilidade.Falei também sobre alguns aspectos gerais da temática do filme.
Posteriormente, abri espaço para uma roda de conversa. Falamos sobre a identidade, partindo do apelido carinhoso Dadá, nas quais os alunos fizeram uma breve associação com seus apelidos revelando os seus significados.
Falamos das relações raciais em diferentes contextos, como no mercado de trabalho, e principalmente, na escola, onde o preconceito acontece, ainda que de forma camuflada. A Lei 9394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foi alterada pela Lei 10639/2003 que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Educação Básica a fim de desnudar as situações de preconceito e discriminação. Alguns alunos falaram que já se sentiram discriminados e contaram os fatos.
Encerramos falando sobre a diversidade linguística, sobre a questão da oralidade, que o falante domina. Discutimos as diferenças entre língua oral e língua escrita, entre língua padrão e demais variantes, regionalismos, etc. Aproveitando que os alunos vieram de diferentes regiões do Brasil eles contaram da dificuldade de adaptação, e da discriminação sofrida pela maneira de falar, etc.
Falamos também sobre as gírias presentes nas falas dos atores: neguinho, demorô,tô mandando a real mesmo, etc...e por fim, falamos sobre a linguagem informal que é uma linguagem descompromissada, diferente da línguagem formal que é rígida.
Ex: Cê ao invés de você.
Tô ao invés de estou.
Mistura de tratamento: Tu/você.
Ex:tu tem ao invés de tu ten.
Para registrar nosso encontro pedi que eles fizessem um pequeno texto fazendo uma avaliação do filme e do que fora discutido na sala de aula.
Como trabalho com Educação de Jovens e Adultos (EJA), achei o filme excelente para despertar uma reflexão sobre aqueles que são exatamente os "esquecidos" pela lógica estabelecida: as empregadas domésticas, o trabalhador braçal, o feio, o pobre, o negro, o favelado, em geral, pessoas que se encontram sem direção justamente por estar em um mundo que promete todas as direções e, na verdade, não oferece nenhuma .
Antes de colocar o DVD, coloquei o apelido Dadá, título do filme no quadro,e perguntei a eles o que poderíamos deduzir da personagem a partir deste apelido, apresentando as possibilidades que os ajudassem a compreender o porquê do nome, isso os desinibiu fazendo com que eles se sentissem mais seguros quanto à oralidade e despertou neles a curiosidade para assistirem o curta.
O filme narra a amizade e o sonho de três jovens Dênis, Dilson e Dadá que moram no Morro do Vidigal. Eles desejam ser atores e estão sempre juntos. Indagados sobre a possibilidade de ficarem ricos se eles permaneceriam no morro, dois deles respondem que sim, já a menina diz que quer se mudar para o asfalto, percebe-se pelos depoimentos que ao mesmo tempo em que "negam" o outro, o "asfalto", esses jovens almejam integrar-se a ele. O que se dá através da fala de Dadá que se sente insegura e tem medo de se expor em locais que possam oferecer riscos dentro da favela,e no final do filme,a gente fica sabendo que um dos atores que segue a carreira de pára-quedista do exército acaba se mudando do Vidigal.
Foi um trabalho extremamente fantástico, pois os alunos se sentiram motivados. As experiências aqui relatadas demonstraram que o investimento em atividades relacionadas à linguagem, atuam diretamente na auto-estima dos jovens e adultos envolvidos, na valorização de sua participação em um determinado grupo, o que gera valores positivos de pertencimento ao grupo. Percebi em suas falas que eles começaram a se comunicar mais descontraidamente uns com os outros.