Relato de atividade em sala de aula

RELAÇÕES EM BRANCO E PRETO

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O Xadrez das Cores
26/09/2012
História
Ensino Fundamental - Anos Finais
66
Cristiane Peixe Silva
MARIA IGNEZ LOPES ROSSI PROFA EMEF | SP | Ribeirão Preto | Municipal





- Introduzir a discussão sobre o preconceito racial por meio do cinema e de seu recurso sensibilizador; - Desmistificar a ideia da "democracia racial" através das cenas do curta que apresentam grande verossimilhança com a realidade; - Levantar temas para reflexão; - Propor atividades de desenvolvimento da escrita e produção de textos a partir da dissertação de suas opiniões.

A exibição do curta-metragem foi feita em duas sessões separadas, para duas turmas de 7ª série. Levando-se em consideração que a abordagem sobre o racismo é complexa em qualquer faixa etária, entre os adolescentes surgem comentários/piadas que reforçam a ideia de que no fundo, as pessoas discriminam outras por diversos motivos, sendo a cor um deles, senão o principal. Essas situações revelam como o preconceito está arraigado em nossa sociedade. A professora havia tentado em outras ocasiões, trabalhar a temática de maneira mais conceitual, historicizando a condição do negro e as consequências da escravidão no Brasil. Notei uma mudança atitudinal nos alunos com essa estratégia diferente que aproxima mais o tema da realidade. Daí a certeza de que esse recurso foi ideal para introduzir o assunto uma vez que os alunos identificam no filme, cenas da vida real, e pode despertar o interesse para compreender o porquê desses sentimentos excludentes. Ciente de que o preconceito está instalado na sociedade, o aluno poderá se perguntar como essa história começou e como reflete nos indicadores sociais evidenciado pela visível desvantagem dos negros (a professora pretende apresentar dados estatísticos sobre escolaridade, salário, profissões, condições de moradia, etc). Após a exibição do curta-metragem e de manifestações espontâneas dos alunos, a professora pediu uma reflexão por escrito. Optou-se pelo seguinte roteiro de perguntas: 1- Qual a relação inicial entre Dona Estela e a doméstica? 2- Quais as ofensas que você lembra ter visto no vídeo? Isso acontece na vida real? 3- Quando as duas mulheres notaram que tinham algo em comum? 4- Quando o "jogo" virou? 5- Dona Estela aprendeu alguma lição de vida? A atividade não foi finalizada na sala nos 50 minutos de aula, por isso as respostas escritas ficaram de ser entregues na aula seguinte.

Avalio que o curta-metragem chamou a atenção dos alunos. É envolvente a linguagem poético-metafórica do filme que mescla cenas cotidianas com as regras do xadrez (as duas personagens se tornam peças do jogo e o conflito se estende na relação entre patroa-empregada). Durante as 2 exibições, os alunos demonstraram indignação com os xingamentos da senhora idosa e não se conformavam com a resignação e o silêncio iniciais da doméstica.Chegaram a aplaudir quando ela deu xeque-mate na patroa (derrotando a rainha "branca" adversária). A partir daí a protagonista negra assumiu um papel ativo na história, ajudando as crianças de sua comunidade, introduziu o jogo do xadrez no lugar das brincadeiras de crianças que simulavam tiroteios. Dos 66 alunos que assistiram ao curta-metragem, 38 conseguiram expressar, através da escrita, as atitudes racistas da patroa e semelhanças com acontecimentos reais que expressam preconceito racial.